Exportação da Crise.


| Europa.

    No mundo moderno é inconcebível a existência de uma economia totalmente autossuficiente e independente do resto do mundo, quando uma crise ataca uma região, esta pode rapidamente ser exportada, e se por acaso a região afetada representar um quarto da economia global, não existe escapatória.

 Como previamente mencionado, não eram somente instituições americanas que investiam de forma irresponsável no mercado imobiliário do país, de longe é o caso. Diversos bancos e investidores europeus depositaram pesadas quantias de dinheiro nos EUA visando o suposto seguro e alto lucro deste mercado. Além disso, tal como nos EUA, os governos europeus estavam pouco preocupados em regular a atuação destas instituições financeiras, que começavam a oferecer o mesmo estilo de empréstimos de fácil acesso para o mercado europeu.

  Ademais, com a recente chegada do euro, existia uma ilusão de que comprar títulos de dívida de países como Portugal, Espanha, Itália e Grécia seria o mesmo que comprar títulos de países como a Alemanha e Holanda, cujo risco era desmedidamente menor.

   Assim sendo, quando o mercado ruiu nos Estados Unidos, não tardou a reverberar para a Europa. Os preços das casas fracionaram e milhões de euros e dólares simplesmente desvaneceram. A ilusão do euro caiu e rapidamente se revelou uma segregação entre os países que eram capazes de viver com a crise e aqueles que sucumbiram perante ela.

   Em reposta a esta catarse, a União Europeia coordenou uma série de medidas comunitárias para amenizar, ou pelo menos conter, os danos.

   No âmbito monetário, por exemplo, o BCE reduziu as taxas de juros para 1% para controlar a queda dos preços, preservando a estabilidade do euro. Além disso, uma conjunto de medidas que ficaram conhecidas como suporte de crédito aprimorado visavam preservar o normal funcionamento do mercado interbancário da zona euro, focando-se nos bancos comerciais, uma vez que cerca de 70% dos financiamentos das corporações e habitações proviam destes, em oposição aos EUA em que apenas 25% tinham esta origem (1).

   Acrescenta-se ainda as novas medidas para regular o mercado financeiro, tal como requisitar que os bancos detenham de mais e melhor capital, exigir que as agências de avaliação de crédito se registem com os governos, forçando-as a ser mais transparente para evitar conflitos de interesse (2).

   Localmente, cada Estado tomou uma série de medidas independentes da UE, como por exemplo, sem aprofundar, a França e a Itália que priorizaram aumentar os impostos, ou o Reino Unido que priorizou reduzir os gastos do Governo (3).

(1) European Central Bank (2009), "The European response to the financial crisis", Speech by Gertrude Tumpel-Gugerell, Member of the Executive Board of the ECBBank of New York Mellon Headquarter New York, 16 October 2009, SLIDE 3.
(2) Ibidem, SLIDE 4.
(3) Ibidem, SLIDE 5.


Joana Matos
Concurso EUStory 2021 - XIV Edição

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